sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

De Jesus a Marx: Na Morte da Besta



Amigos,


ao se findar este ano, que certamente entrará para a História como o do início do fim do capitalismo selvagem, tragado pela sua própria ganância, quero lhes presentear com fragmentos de um artigo publicado no dia 15 último, no Direto da Redação, por Rui Martins (de Berna, na Suíça),  ex-correspondente do Estadão e da CBN e autor de O Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre a Suíça e Maluf.

(...) O culto e a adoração do lucro e do consumismo, como o do Bezerro de Ouro no Sinai, não podem mais nortear as economias das nações. O Estado, denegrido pela Besta como assistencialista, tem uma missão importante a cumprir nas sociedade humanas. O capital precisa ser produtivo e não querer se reproduzir só na especulação. Os bens não devem ser descartáveis mas beneficiar as necessidades da população sem necessidade de endividamentos.


Na tentativa de salvar o que restou da Besta, seus templos bancários, os donos do mundo mostraram haver muito dinheiro escondido. Dinheiro que nunca aparecia para socorrer povos sofrendo de calamidades, populações morrendo de fome, mas agora apareceu e não poderá mais desaparecer definitivamente como num passe de mágica.

Com o dinheiro com que se salvaram os bancos nos EUA e na Europa se poderia acabar com a fome e a miséria no mundo. Portanto, o mundo pode ser regido por outras leis que não o preço para os alimentos e os lucros sobre a miséria. Uma nova economia é possível, assim como foi possível se unir mesmo muitos países e indústrias em defesa do nosso planeta. Um outro mundo é possível, sem bestas, sem deuses, mas com solidariedade.

Quem sabe 2009, depois do enterro da Besta do Neoliberalismo, vai sentir surgir a centelha de novas ideologias que, dentro de dois, três ou quatro milênios verão o nosso planeta sem famintos, sem miseráveis, sem agiotas, sem exploradores, sem gananciosos do lucro, numa outra fórmula de convívio econômico social, justa e solidária.

É tempo de Natal, de uma crença nascida na pobreza de uma manjedoura e tendo como atores um casal pobre e uma criança sem teto. A crença se deturpou e deu origem à riqueza e potência política, porém a idéia de um mundo mais justo nascido da pobreza perdura no inconsciente da humanidade. Porém é preciso não se adiar esse sonho para depois da morte ou num céu abstrato e tentar construí-lo aqui. Mesmo que sejam necessárias mais de mil gerações e que outras bestas surjam pelo caminho, tenho certeza de que os humanos sem ídolos, sem ícones, sem deuses e sem muletas construirão esse mundo. 

Leia a íntegra no Direto da Redação


Estaremos de férias durante o mês de janeiro. Feliz Natal e um Ano Novo venturoso!

Hay

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Carta dos Direitos Humanos chega aos 60 anos como marco


Hoje, 10 de dezembro de 2008, a Folha de São Paulo traz a matéria abaixo, de autoria de 
Marcelo Ninio, de Genebra, sobre os 60 anos da Declaração de Direitos Humanos da ONU.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos, talvez o documento internacional mais conhecido da história, completa hoje 60 anos de sua adoção como referência obrigatória no respeito às liberdades e direitos fundamentais do homem. 

Mesmo entre os ativistas que se dedicam a denunciar a limitada aplicação prática de seus 30 artigos, o texto é considerado a pedra fundamental do reconhecimento da igualdade e dignidade humanas, um marco que influenciou todos os tratados e iniciativas sobre o tema nas últimas seis décadas. 

Inspirada na Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e na Declaração de Independência dos EUA, de 1776, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada sob o efeito do trauma provocado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e do genocídio nazista. 

Seu primeiro artigo é certamente um dos mais repetidos em todos os tempos: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade". Os demais 29 defendem direitos básicos, como alimentação, segurança, trabalho e liberdade de expressão. 

Artigos muitas vezes em falta no planeta, reconhece a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navanethem Pillay, para quem a declaração continua sendo uma "promessa não cumprida". Mas ela lembra que o documento inspirou vários tratados internacionais e as leis de mais de 90 países. 

Além disso, diz Pillay, a declaração motivou a criação de mecanismos regionais e nacionais de monitoramento do respeito a seus princípios, incluindo o Alto Comissariado, que chefia desde setembro. 

Para ela, a obsessão por segurança em alguns países nos últimos anos criou um novo desafio à declaração. "É preciso reconhecer que a impunidade, os conflitos armados e os regimes autoritários não foram derrotados, e que, lamentavelmente, os direitos humanos são às vezes colocados de lado em nome da segurança", disse a sul-africana Pillay à Folha, por email. 

"Incontornável"

Adotado em Paris no dia 10 de dezembro de 1948 pelos então 58 Estados-membros da ONU, entre eles o Brasil, o documento tornou-se a base de tudo o que foi pensado em direitos humanos desde então. 

"A Declaração Universal é um texto incontornável, que inspirou sete tratados e a própria estrutura da Comissão de Direitos Humanos da ONU", disse à Folha, de Pequim, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, um dos brasileiros mais respeitados na área. 

Pinheiro, que foi relator da ONU em países onde o respeito aos princípios da declaração são pouco mais que uma utopia, como Mianmar, destaca a relevância histórica do texto. 

"Ele lembra que o século 20 não foi só os horrores de genocídio e limpeza étnica, mas também o início da caminhada para combater essas e outras atrocidades", diz. 

A embaixadora do Brasil para direitos humanos em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevedo, defende a declaração como instrumento de cooperação, não de pressão. "Direitos humanos devem servir como inspiração, não imposição." 

A aplicação do documento é tema de constantes debates. Os ativistas que acompanham o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, costumam deixar as sessões com uma sensação de impotência, pela falta de mecanismos de punição aos violadores. 

"Ninguém nega a importância da declaração, nem os países que não a respeitam", diz Julie Rivero, da Human Rights Watch. "O problema é que a politização dos debates leva os países a esquecerem que o mais importante é a defesa das vítimas, não de seus interesses." 
(Folha de SP, 10/12) 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Declínio do Império


Depois de ter, antes de todos, previsto o declínio do império americano, Immanuel Wallerstein afirma agora que entramos há 30 anos na fase terminal do sistema capitalista:
"A situação torna-se caótica, incontrolável para as forças que até então o dominavam, e assiste-se à emergência de uma luta, já não entre os detentores e os adversários do sistema, mas entre todos os atores para determinar o que o vai substituir", diz o sociólogo norte-americano.

Entrevista feita por Antoine Reverchon, para o diário francês Le Monde:
Para além de signatário do manifesto do Fórum Social de Porto Alegre, em 2005, o senhor é considerado um dos inspiradores do movimento altermundialista. Fundou e dirigiu o Centro Fernand-Braudel para o estudo da economia dos sistemas históricos e das civilizações da universidade do Estado de Nova York, em Binghamton. Como situa a crise económica e financeira actual no "tempo longo" da história do capitalismo?

Immanuel Wallerstein: Fernand Braudel (1902-1985) distinguia o tempo da "longa duração", que vê sucederem-se na história humana sistemas que regem as relações do homem com o seu meio material, e, no interior destas fases, o tempo dos ciclos longos conjunturais, descritos por economistas como Kondratieff (1982-1930) ou Schumpeter (1883-1950). Encontramo-nos hoje claramente numa fase B de um ciclo de Kondratieff que começou há 30-35 anos, após uma fase A que foi a mais longa (de 1945 a 1975) dos 500 anos de história do sistema capitalista.

Numa fase A, o lucro é gerado pela produção material, industrial ou outra; numa fase B, o capitalismo deve, para continuar a gerar lucro, financiarizar-se e refugiar-se na especulação. Desde há mais de 30 anos, as empresas, os Estados e as famílias estão a endividar-se maciçamente. Estamos hoje na última parte de uma fase B de Kondratieff, uma vez que o declínio virtual se torna real, e que as bolhas explodem umas a seguir às outras; as falências multiplicam-se, a concentração do capital aumenta, o desemprego aumenta, e a economia conhece uma situação de deflação real.

Leia a íntegra da entrevista no site português Esquerda.Net

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vamos Blogar?

Meu entusiasmo com os blogs (parte essencial do meu objeto de estudo no mestrado) é tal que venho inoculando diversos colegas com esse poderoso vírus, como é o caso do Prof. Alexandre Martinez, que leciona Segurança do Trabalho no CEFET (visitem o blog que ele está construindo: http://professoralexandreseg.blogspot.com)
e o da Profa. Fabiane Demier, que ensina Espanhol e Educação Ambiental no Colégio São Vicente, em Niterói,com quem iniciarei aqui, agora nas férias (ah! as férias!)um diário de campo, a quatro mãos, sobre nossas aventuras e desventuras no território do Mestrado em Ensino de Ciências do Ambiente.

Assim, para quem já foi contaminado pelo vírus blog mas acha que a construção do seu próprio diário é algo que demanda muito tempo e esforço, sugiro o vídeo abaixo sobre a construção de um blog aqui no Blogger).

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Paulo Freire: o andarilho da Utopia


"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."


O educador Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente por sua contribuição para a educação popular.




Para a biografia de Paulo Freire, clique aqui

sábado, 18 de outubro de 2008

Encontro com Milton Santos


"O conforto, como a memória, é inimigo da descoberta."

O Prof. Dr. Milton Santos (Milton de Almeida Santos ou Milton Almeida dos Santos), nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, no dia 03 de Maio de 1926. Geógrafo e livre pensador brasileiro, homem amoroso, afável, fino, discreto e combativo, dizia que a maior coragem, nos dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. Doutor honoris causa em vários países, ganhador do prêmio Vautrin Lud, em 1994 (o prêmio Nobel da geografia), professor em diversos países (em função do exílio político causado pela ditadura de 1964), autor de cerca de 40 livros e membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entre outros.



Clique aqui e assista na íntegra ao filme de Silvio Tendler "Milton Santos - O mundo global visto pelo lado de cá":


Para uma Biografia resumida do eminente brasileiro, clique aqui.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Vigiar (Refletir) e Protestar

Com o novo portal Globo Amazônia, lançado no dia 7 de outubro, qualquer internauta vai poder vigiar o desmatamento da floresta e protestar contra sua destruição.O usuário poderá monitorar o avanço da destruição por meio de um mapa interativo disponível no portal e também dentro do Orkut, o Amazonia.vc. Trata-se de um aplicativo que permite monitorar os pontos mais recentes de desmatamento e queimada na floresta amazônica. Os dados que alimentam o mapa interativo são fornecidos pelo Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e atualizados todos os dias. Em cada foco de destruição você pode registrar seu protesto. Assista ao vídeo na janela abaixo.






Fonte: Globo Amazônia

sábado, 11 de outubro de 2008

Prêmio Nobel 2008

Anunciados os vencedores de cinco das seis categorias da edição de 2008 do Nobel (o prêmio de Economia será divulgado na próxima segunda-feira). O prêmio de medicina coroou descobertas ligadas aos vírus HIV e HPV; o de física, estudos sobre a quebra de simetria; o de química, a descoberta das proteínas fluorescentes. Na literatura, ganhou um autor francês de viés multiculturalista; e o prêmio da paz foi para um diplomata finlandês que negociou o fim de conflitos. Clique aqui e saiba mais detalhes sobre os ganhadores. A cobertura especial do Ciência Hoje explica as motivações de cada prêmio e traz a análise de pesquisadores brasileiros sobre a escolha dos vencedores.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Mào Invisível Mendiga

Ao deixar o poder, Bush legará à economia global a maior crise do capitalismo desde 1929. Para uma reflexão, leia o artigo de Mair Pena Neto, ex-editor de política do JB e repórter especial de economia, atualmente na agência Reuters.



A mão invisível do mercado, aquela que sempre se arvorou como a única capaz de ordená-lo adequadamente, está estendida há semanas pedindo esmolas do Estado que sempre condenou. Como os mendigos mais abandonados, ela expõe suas chagas em Wall Street e outros pregões do mundo, enquanto vê sangrar suas últimas resistências.

Os Bancos Centrais correm para estancar a hemorragia que atravessa continentes e ameaça jogar o mundo em terrível recessão. Ninguém sabe o tamanho da doença. Já se fala em astronômicos 12 trilhões de dólares, mas pode ser mais diante da falta de conhecimento da verdadeira contabilidade das instituições financeiras. Os títulos podres se espalharam feito câncer, contaminando corpos dos Estados Unidos à Ásia, passando como um furacão pela Europa.

O curioso é que o mercado continua sendo tratado com um ente indefinido, aquele que fica nervoso quando tempestades atingem o golfo do México ou uma guerra se inicia em alguma parte do mundo, mas cuja identidade ninguém conhece.

O que está acontecendo agora no mundo tem responsáveis claros, com nome, endereço e identidade. Além dos Tesouros nacionais deviam estar em cena os Judiciários de cada país investigando como se desenrolou a ciranda dos papéis sem lastro e botando na cadeia seus operadores.

Por conta de irresponsabilidade e ganância de alguns, o mundo todo está pagando. A questão ultrapassou fronteiras nacionais e talvez o mais recomendável fosse uma corte internacional que fizesse um grande julgamento, similar ao dos criminosos de guerra, levando ao banco dos réus banqueiros e empresários inescrupulosos.

No Brasil, duas empresas tiveram perdas enormes em seu valor de mercado porque apostaram alto no mercado futuro e caíram do cavalo. Em uma delas, o diretor financeiro foi demitido. Certamente vislumbrava um bônus colossal, semelhante aos de Wall Street, quando apostou o dinheiro da empresa numa operação arriscada.

Foi esta lógica que orientou bancos e empresas nos EUA e Europa. A lógica da vantagem, de ganhar muito em pouco tempo, com base na especulação e na falta de lastro real. Assim, além de recapitalizar o sistema financeiro, os Estados nacionais, de comum acordo, deveriam colocar algemas na mão invisível, controlando todos os seus movimentos e em alguns casos a deixando atrás das grades.

Fonte: Direto da Redação

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Química e Eleições

Resposta de um aluno brilhante!!!


Num exame do Ensino Médio, numa questão de Química Básica, foi perguntado:

- Qual a diferença entre 'Solução' e 'Dissolução'?

Resposta de um aluno:

- Colocar qualquer UM de nossos políticos num tanque de ácido para que dissolva é uma Dissolução. Colocar TODOS é uma Solução.

Esse merece um dez, com louvor!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Ritual dos Sonacirema

Este texto revela os rituais e costumes do povo sonacirema. Ele guarda uma grande surpresa no final e nos ajuda a entender um pouco sobre choque cultural e preconceito. Boa leitura!

O Prof. Linton foi o primeiro a chamar a atenção dos antropólogos para o complexo ritual dos Sonacirema, há vinte anos atrás. Mas a cultura deste povo é ainda muito pouco compreendida. Os Sonacirema são um grupo norte-americano que vive no território que se estende desde o Cree do Canadá aos Yaoui e Tarahuma do México e aos Carib e Aruaque das Antilhas. Pouco se sabe quanto à sua origem, embora a tradição mítica afirme que eles vieram do leste.

A cultura sonacirema se caracteriza por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que se beneficiou de um habitat natural muito rico. Embora a maior parte do tempo das pessoas, nesta sociedade, seja devotada à ocupação econômica. Uma grande porção do fruto destes trabalhos e uma considerável do dia são despendidas em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde constituem a preocupação dominante dentro do ethos deste povo. Embora tal tipo de preocupação não seja realmente pouco comum, seus aspectos cerimoniais e filosofia ai implícita são únicos.

A crença fundamental subjacente a todo o sistema parece ser a de que o corpo humano é feio, e que sua tendência natural é a debilidade e a doença. Encarcerado em tal corpo a única esperança do homem é evitar essas através do uso de poderosas influências do ritual e da cerimônia. Todo grupo doméstico possui um ou mais santuários dedicados a tal propósito. Os indivíduos mais poderosos desta sociedade tem vários santuários em suas casas e, de fato, a opulência de uma casa é freqüentemente aferida em termos da quantidade dos centros de rituais que abriga. A maioria das casas é de taipa, mas os santuários dos mais ricos têm as paredes cobertas de pedras. As famílias mais pobres imitam os ricos, aplicando placas de cerâmicas nas paredes de seus santuários.

Embora cada família possua ao menos um desses santuários, os rituais a eles associados não são cerimônias familiares, mais sim privadas e secretas. Os ritos, normalmente, só são discutidos com as crianças, e isto apenas durante a fase em que elas estão sendo iniciadas nesses mistérios. Eu pude, entretanto, estabelecer com os nativos uma relação que me permitiu examinar esses santuários e anotar a descrição desses rituais.

O ponto focal do santuário é uma caixa ou arca embutida na parede.Nesta arca são guardados os inúmeros feitiços e porções mágicas, sem os quais nenhum nativo acredita que poderia viver. Tais feitiços e porções são obtidos de vários profissionais especializados. Dentre estes, os mais poderosos são os curandeiros, cujos serviços devem ser retribuídos por meio de presentes substanciais. No entanto, o curandeiro não fornece as porções curativas para seus clientes, decidindo apenas os ingredientes que nelas devem entrar, escrevendo-os em seguida em uma linguagem antiga e secreta. Tal escrito só pode ser decifrado pelo curandeiro e pelos herbanários, os quais – mediante outro presente - fornecem o feitiço desejado.

O feitiço não é descartado depois de ter servido ao seu propósito, mas sim é colocado na caixa de mágica do santuário doméstico. Como estes materiais mágicos são específicos para certas doenças, e considerando-se que as doenças reais ou imaginárias deste povo são muitas, a caixa de mágicas costuma estar sempre transbordando. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas esquecem sua serventia original e temem usá-los de novo. Embora os nativos tenham se mostrado vagos em relação a esta questão, só podemos concluir que a idéia subjacente ao costume de se guardar todos os velhos materiais mágicos é a de que sua presença na caixa de mágica,diante da qual os rituais do corpo são encenados, protegerá de alguma forma o fiel.

Embaixo da caixa de mágicas existe uma pequena fonte. Todo dia cada membro da família, em sucessão, entra no quarto do santuário,curva a cabeça diante da caixa de mágica, mistura diferentes tipos de águas sagradas na fonte e realiza um breve rito de ablução. As águas sagradas são obtidas do Templo da Água da comunidade, onde os sacerdotes conduzem elaboradas cerimônias para manter o liquido ritualmente puro.

Na hierarquia dos profissionais da magia, e abaixo do curandeiro em termos de prestigio, estão os especialistas cuja designação é melhor traduzida por “Homens-da-boca-sagrada.” Os Sonacirema vêem o horror pela boca e uma fascinação por ela que chegam às raias da patologia. Acredita-se que a condição da boca possui uma influência sobrenatural nas relações sociais. Não fosse pelos rituais da boca,os Sonacirema acham que seus dentes cairiam, suas gengivas sangrariam, suas mandíbulas encolheriam, seus amigos o abandonariam, seus amantes os rejeitariam. Eles também acreditam na existência de uma forte relação entre características orais e morais. Assim, por exemplo, existe uma ablução das bocas das crianças que se considera como forma de desenvolver sua fibra moral.

O ritual do corpo cotidianamente realizado por todos inclui o rito bucal. Apesar de sabermos que este povo é tão meticuloso no que diz respeito ao cuidado da boca, este rito envolve uma prática que o estrangeiro não-iniciado não consegue deixar de achar repugnante. Conforme foi-me descrito o rito consiste na inserção de um pequeno feixe de cerdas de porco na boca, juntamente com certos pós mágicos, e em seguida na movimentação desse feixe segundo uma série de gestos altamente formalizados.

Além desse rito bucal privado, as pessoas procuram o homem-da-boca-sagrada uma ou duas vezes por ano. Estes profissionais possuem uma impressionante parafernália, que consiste em uma variedade de perfuratrizes,furadores, sondas e agulhas. O uso destes objetos no exorcismo dos perigos da boca implica uma quase inacreditável tortura ritual do cliente. O homem-da-boca-sagrada abre a boca do cliente e, usando as ferramentas citadas, alarga quaisquer buracos que o uso tenha feito nos dentes. Materiais mágicos são então depositados nestes buracos. Se não se encontram buracos naturais nos dentes, grandes seções de um ou mais dentes são serradas para que a substância sobrenatural possa ser aplicada. Na imaginação do cliente, o objetivo destas aplicações é deter o apodrecimento dos dentes e atrair amigos.O caráter extremamente sagrado e tradicional do rito fica evidente no fato de que os nativos retornam todo ano ao homem-da-boca-sagrada, embora seus dentes continuem a se deteriorar.

Deve-se esperar que, quando o estudo intensivo dos Sonacirema for feito, seja realizada uma pesquisa cuidadosa sobre a estrutura de personalidade destes nativos. Basta observar o brilho nos olhos de um homem-da-boca-sagrada, quando ele enfia uma agulha em um nervo exposto, para que se suspeite de que uma dose de sadismo está presente. Se isto puder ser verificado, uma configuração muito interessante emergirá, posto que a maioria da população mostra tendências masoquistas bem definidas. Era as tais tendências que o professor Linto se referia ao discutir uma parte especial do ritual cotidiano do corpo, que é realizado apenas pelos homens. Esta parte do rito envolve uma arranhadura e laceração da superfície do rosto por meio de um instrumento cortante. Ritos femininos especiais ocorrem somente quatro vezes por mês lunar, mas o que lhes falta em freqüência lhes sobra em barbárie. Como parte dessa cerimônia, as mulheres assam suas cabeças em pequenos fornos durante mais ou menos uma hora. O ponto teoricamente interessante é que um povo dominantemente masoquista desenvolveu especialistas sádicos.

Os curandeiros possuem um templo imponente, o Latipsoh, em cada comunidade de algum tamanho. As cerimônias mais elaboradas,necessárias para o tratamento de pacientes muito doentes, só podem ser realizadas neste templo. Tais cerimônias envolvem não só o taumaturgo, mas também um grupo permanente de vestais que se movimentam lentamente nas câmaras do templo com uma roupa e um penteado distintos.

As cerimônias Latipsoh são tão violentas que chega a ser fenomenal o fato de que uma razoável proporção de nativos realmente doentes que entram no templo consiga curar-se. Crianças pequenas cuja doutrinação é ainda incompleta, costumam resistir às tentativas de levá-las ao templo, alegando que “é aonde você vai para morrer”. Apesar disso, os doentes adultos não apenas desejam, como ficam ansiosos para submeter-se à prolongada purificação ritual, se eles possuem meios para tanto.Os guardiões de muitos templos, não importa quão doente o suplicante ou quão grave a emergência, não admitem o cliente se ele não pode dar um rico presente ao zelador. Mesmo depois que se conseguiu a admissão e se sobreviveu às cerimônias, os guardiões não permitem a saída do neófito até que este dê ainda outro presente.

O(a) suplicante ao entrar no templo, é primeiramente despido(a) de todas as suas roupas. Na vida cotidiana os Sonacirema evitam a exposição de seu corpo e das suas funções naturais. O banho e a excreção são realizados somente na intimidade do santuário doméstico, onde são ritualizados fazendo parte dos ritos corporais. A súbita perda da privacidade corporal, ao se entrar no Latipsoh, costuma causar um choque psicológico. Um homem, cuja própria mulher jamais viu quando ele realizava um ato excretório, de repente encontra-se nu, assistido por uma vestal enquanto executa suas funções naturais dentro de um vaso sagrado. Esse tipo de tratamento cerimonial é necessário porque as excreções são usadas por um adivinho para diagnosticar o curso e a natureza da doença do paciente. Os clientes femininos por seu lado, vêem seus corpos nus submetidos ao escrutínio, manipulação e espetadelas dos curandeiros.

Poucos suplicantes no templo estão suficientemente bem para fazer qualquer coisa que não seja ficar deitado em suas camas duras. As cerimônias diárias, como os já citados ritos do Homem-da-boca-sagrada,implicam desconforto e tortura. Com precisão ritual, as vestais acordam a cada madrugada seus miseráveis pacientes, rolam-nos em seus leitos de dor enquanto realizam abluções, cujos movimentos formalizados são objetos de treinamento intensivo das vestais. Em outros momentos, elas inserem varas mágicas na boca do paciente, ou obrigam-no a comer substâncias que são consideradas curativas. De tempos em tempos os curandeiros vêm aos seus clientes e atiram agulhas magicamente tratadas em sua carne. O fato de que estas cerimônias do templo possam não curar, ou possam mesmo matar o neófito, não diminui de modo algum a fé do povo nos curandeiros.

Ainda resta um outro tipo de especialista, conhecido como um “Escutador”. Este feiticeiro tem o poder de exorcizar os demônios que se alojam nas cabeças das pessoas que foram enfeitiçadas. Os Sonacirema acreditam que os pais fazem feitiçaria contra seus próprios filhos. As mães são especialmente suspeitas de colocarem uma maldição nas crianças enquanto ensinam a elas os ritos corporais secretos. A contra-magia do “feiticeiro escutador” é singular por sua relativa ausência de ritual. O paciente simplesmente conta ao “escutador” todos os seus problemas e medos, começando com as primeiras dificuldades de que pode se lembrar. A memória exibida pelos Sonacirema nessas sessões de exorcismo é verdadeiramente notável. Não é incomum que o paciente lamente a rejeição que sentiu ao ser desmamado, e alguns indivíduos chegam a localizar seus problemas nos efeitos traumáticos de seu próprio nascimento.

Para concluirmos, deve-se mencionar certas práticas que estão baseadas na estética nativa, mas que dependem da aversão generalizada ao corpo e às suas funções naturais. Há jejuns rituais para fazer pessoas gordas ficarem magras, e banquetes cerimoniais para fazer pessoas magras ficarem gordas. Outros ritos ainda são usados para fazer os seios das mulheres maiores, se eles são pequenos, e menores, se eles são . Uma insatisfação geral com a forma dos seios é simbolizada pelo fato de que a forma ideal está virtualmente fora do espectro da variação humana. Umas poucas mulheres que sofrem de um quase inumano desenvolvimento hiper-mamário são tão idolatradas que podem viver muito bem através de simples viagens de aldeia a aldeia permitindo aos nativos admirá-las mediante uma taxa.

Já fizemos referência ao fato de que as funções excretórias são ritualizadas, rotinizadas e relegadas ao domínio do secreto. As funções reprodutivas naturais são igualmente distorcidas. O intercurso sexual é tabu como tópico de conversa, programado e planejado enquanto ato. Grandes esforços são feitos para evitar a gravidez por meio do uso de materiais mágicos ou pela limitação do intercurso à certas fases da lua.A concepção é realmente muito pouco freqüente.Quando grávidas, as mulheres se vestem de forma a ocultar seu estado.

O parto se realiza em segredo, sem amigos ou parentes assistindo, e maioria das mulheres não amamenta nem cuida de seus bebes.

Nossa descrição da vida ritual dos Sonacirema certamente mostrou que eles são um povo obcecado pela magia. É difícil compreender, como eles conseguiram sobreviver por tanto tempo debaixo dos pesados fardos que eles mesmos se impuseram. Mas mesmo costumes tão exóticos quanto esses ganham seu verdadeiro sentido quando encarados a partir do esclarecimento feito por Malinowski quando escreveu:

“Olhando de cima e de longe, dos lugares seguros e elevados da civilização desenvolvida, é fácil ver toda a rudeza e a irrelevância da magia. Mas sem este poder e este guia. o homem primitivo não poderia ter dominado as dificuldades praticadas como o fez, nem poderia o homem ter avançado até os mais altos estágios da civilização.”


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Agora experimente ler a palavra sonacirema ao contrário. Sim, somos nós os americanos. Este texto serve para mostrar o quanto podemos ser estranhos. O santuário na casa é o banheiro, o cofre ou Bau é a estante em cima da pia constantemente cheia de remedios. O homem da boca sagrada é o dentista. O grande latipsoh é o hospital. O escutador é o psicólogo. Gostou? Então descubra mais coisas relendo o texto.

” Quando não estamos abertos a outras culturas não somos somente cegos em relação a elas, mas também míopes quanto a nós mesmos” (Laplantine).


Fonte: Body Ritual among the Nacirema. American Anthropologist, 1956;58:503-50. Tradução de Eduardo Viveiros de Castro

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pesquisadores são acusados de crime ambiental

Ibama envia intimação a Luis Hildebrando da Silva, diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, e Rodrigo Guerino Stabeli, pesquisador da instituição, para prestarem esclarecimentos sobre biopirataria

A preocupação com o tratamento dispensado aos cientistas brasileiros pelos órgãos de fiscalização do meio ambiente ­ queixa constante dos institutos de pesquisa ­ chegou aos ministérios do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Circulam entre as duas pastas e-mails de cientistas indignados com as intimações expedidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), que os acusam de crime ambiental e, mais especificamente, biopirataria.

O caso mais recente aconteceu na última segunda-feira, quando agentes do Ibama intimaram Luis Hildebrando da Silva, diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, e Rodrigo Guerino Stabeli, pesquisador da instituição.

Segundo Guerino, a Linha Verde-Amarela do Ibama, uma espécie de ouvidoria, recebeu a denúncia anônima de duas pessoas, que se identificaram como da Academia Brasileira de Ciências, de que os dois estariam agindo como biopiratas e enviando material da biodiversidade brasileira para instituições internacionais.

“O que chateia é o Ibama estar atrás de cientistas que possuem licença para a pesquisa”, reclama Guerino, que se diz preocupado com o que chama de movimento anti-terrorista científico.

Para o professor, é um paradoxo cientistas serem constantemente intimados por órgão de fiscalização do meio ambiente, quando os estudos são financiados por órgãos do governo, como o CNPq e a Finep.

"Estou amplamente preocupado com o futuro científico do nosso país. De um lado, as ONGs protetoras dos animais de biotério (utilizados na produção de fármacos), do outro instituições públicas que buscam combater como biopiratas funcionários públicos que exercem a docência e a pesquisa em laboratório fixo, que possui endereço fixo e que lideram dois projetos nacionais", diz o e-mail que chegou aos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.

De acordo com Ennio Candotti, membro da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência (SBPC), 70% da produção científica sobre a Amazônia pertencem a pesquisadores estrangeiros. E, para mudar esse quadro, seria necessário que o Brasil multiplicasse por 10 o que já investe na pesquisa.

“Nós, cientistas, somos todos tratados como criminosos até que se prove o contrário”, afirma Candotti. “Qualquer um pode matar cupins que invadem suas propriedades ou até armários, mas os cientistas precisam pedir a autorização de algum burocrata de Brasília para estudá-los. Falam que vamos destruir a biodiversidade, mas o agronegócio queima milhares de quilômetros de floresta.”

Leia a íntegra

Fonte: Jornal da Ciência - SBPC

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A galinha, a filosofia e a evolução


Colunista resgata a origem do dilema de quem surgiu primeiro e o relê sob um prisma darwiniano






Uma das palavras mais preciosas para quem milita no mercado das idéias e no campo aberto do conhecimento é “academia”. As academias são entidades de elite que reúnem os maiores expoentes de um campo de atividade intelectual científica ou artística, eleitos pelos seus pares. Também falamos em "comunidade acadêmica" para nos referir às universidades e ao conjunto de professores e pesquisadores que se dedicam à produção e propagação do saber. Assim, vale a pena discutir as origens da palavra, que remontam à Grécia antiga.

A Academia (Akademeia) era um arvoredo localizado na estrada que saía do portão ocidental de Atenas, às margens do rio Cefiso. Em priscas e mitológicas eras, essas terras haviam pertencido a um cidadão chamado Academos – daí o nome do local. Academos ajudou os gêmeos Castor e Pólux, filhos de Zeus com Leda, a libertar a belíssima Helena (a mesma que mais tarde seria o pivô da guerra de Tróia), que tinha sido raptada por Teseu e levada para Ática.

Em recompensa por sua ajuda, Zeus deu a Academos o direito de falar o que bem quisesse dentro de sua propriedade sem ser castigado, mesmo que isso pudesse ofender os próprios deuses. Inspirados por essa encantadora lenda – a primeira alegoria da liberdade de expressão na história ocidental –, os cidadãos da Atenas de Péricles costumavam reunir-se na Akademeia para debater livremente assuntos importantes da época.

Lá, Platão (427-347 a.C.) fundou a sua escola de filosofia, que adotou o nome do parque. A instituição, que continuou a funcionar no mesmo lugar por 900 anos após a morte de Platão, tornou-se o berço do racionalismo, do pensamento científico e de alguns dos nossos mais preciosos conceitos sobre justiça e liberdade.

Pois bem: um belo dia, Platão, reunido com seus alunos na Academia, resolveu definir o ser humano como “um bípede implume”. Imediatamente, o cínico Diógenes (~412-323 a.C.), que tinha um penchant para o dramático, pegou uma galinha, removeu suas penas e a apresentou à turma, dizendo com ironia: “eis o homem de Platão”.

A partir desse momento os galináceos se integraram irreversivelmente à filosofia ocidental, tornando-se um importante protagonista do seu desenvolvimento.


Aristóteles, a galinha e o ovo

O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, foi o primeiro a registrar sua perplexidade ante à dúvida do que veio primeiro, a galinha ou o ovo. Ele escreveu em sua Historia Animalum: “Se existiu um primeiro homem, ele deve ter nascido sem pai nem mãe – o que é repugnante para a natureza. Pois não pode ter havido um primeiro ovo para dar origem aos pássaros, nem pode ter havido um primeiro pássaro que deu origem aos ovos, pois um pássaro vem de um ovo”.

A partir daí a imagem da galinha e do ovo tornou-se a referência padrão em filosofia e mesmo no linguajar do dia-a-dia para se referir à futilidade de se tentar resolver dilemas de causas e conseqüências circulares. Esses dilemas envolvem auto-referência e se relacionam com o conceito de “alça estranha” (strange loop).

Uma alça estranha emerge quando, ao nos movermos para baixo ou para cima em um sistema hierárquico, nos encontramos de volta ao lugar no qual começamos (ver figura). Esse conceito foi proposto e magistralmente discutido pelo informata americano Douglas Hofstadter (1945 -) no seu maravilhoso livro Gödel, Escher, Bach (que ganhou o Prêmio Pulitzer em 1980) e, mais recentemente, no livro de 2007 Eu sou uma alça estranha (no original, I am a strange loop).

Um exemplo de uma alça estranha é a rede informacional criada pelo DNA e pelas enzimas. O DNA contém o código para a síntese das enzimas, que, por sua vez, são indispensáveis para a replicação e transcrição do DNA.

Deixando intelectualismos de lado, devemos nos lembrar que o problema da galinha e do ovo foi colocado por Aristóteles em uma perspectiva fundamentalmente evolucionária, da origem de uma espécie. Para nós, que vivemos em uma época pós-darwiniana, não há dilema algum.

Antes de se tornar uma galinha (Gallus gallus), o animal tem necessariamente de ter sido um embrião de galinha, com genoma de galinha, que forçosamente deve ter se desenvolvido em um ovo que, contendo um embrião de galinha era, ipso facto, um ovo de galinha. Q.E.D.

Obviamente existe nesse raciocínio a premissa fundamental de que o ovo deve ser definido pelo embrião mutante contido nele e não pelo animal que o pôs, que neste caso teria de ser um antecessor evolucionário de Gallus gallus.


Galinhas e estradas

O dilema do ovo nos remete a uma brincadeira intelectual que também envolve a mesma ave. Por que a galinha atravessou a estrada? Este é um jogo que desafia a imaginação de quem é perguntado e tem de elaborar uma resposta original. A Wikipédia traça as suas origens a um artigo que apareceu em 1847 no The Knickerbocker, revista mensal de Nova Iorque.

De qualquer maneira, circulam pela internet algumas contribuições muito inteligentes a essa brincadeira feitas ao longo do tempo. Vejamos algumas que considero excepcionais (para facilitar ao leitor a tarefa de captar o sentido completo das piadas, os nomes estão em hipertexto com links para as respectivas biografias na Wikipédia):

Aristóteles: Para concretizar seu potencial.
Epicuro: Por diversão.
Pirro, o cético: Que galinha? Que estrada?
Zenão de Eléia: Para provar que nunca conseguiria chegar ao outro lado.
Blaise Pascal: Quem sabe? O coração da galinha tem razões que a própria razão desconhece.
David Hume: Por costume e hábito.
Karl Marx: Foi uma inevitabilidade histórica.
Jean-Paul Sartre: A galinha define sua existência pela livre escolha de cruzar a estrada.
Karl Popper: Para falsificar a hipótese que galinhas não cruzam estradas.
Sigmund Freud: A preocupação com o fato de a galinha ter cruzado ou não a estrada é um sintoma de insegurança sexual.
Albert Einstein: Se a galinha cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob a galinha, depende do observador.
Werner Heisenberg: Talvez a galinha tenha atravessado a estrada, talvez não.
Douglas Adams: Quarenta e dois.
Pierre de Fermat: O espaço que eu tenho aqui não dá para escrever a explicação.
Marcel Marceau: …
Che Guevara: Hay que cruzar la carretera, pero sin jamás perder la ternura.
Hamlet: Esta não é a questão.

Podemos agora arriscar algumas respostas evolucionárias, com links para colunas passadas:

Fundamentalista darwiniano: Ao longo do tempo, as galinhas foram geneticamente selecionadas para cruzar estradas.
Stephen Jay Gould: Por contingência.
Motoo Kimura: Neutramente, por variação estocástica – a galinha estava à deriva!


Sergio Danilo Pena
Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais
12/09/2008

Fonte: http://www.cienciahoje.org.br/128430

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

1 de setembro: Dia do Profissional de Educação Física

Estudo conclui que o professor de educação física não leva adolescente a prática de atividade física


Diversos fatores levam os adolescentes à prática de atividades físicas, mas o professor de educação física não é um deles. A conclusão é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Porto, em Portugal, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

O estudo de revisão da literatura científica publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, no entanto, aponta divergências entre as pesquisas que abordam determinantes demográficos, biológicos, psicológicos e socioculturais da prática de atividades físicas entre adolescentes.

Além disso, o trabalho apontou que a condição socioeconômica elevada e a participação da família influenciaram positivamente a prática de atividades pelo adolescente. O dado mais preocupante foi que o professor de educação física pareceu não representar um fator propiciador da atividade física.

“É importante perceber que um comportamento tão complexo e multifatorial, como é a atividade física, não é explicado por uma única variável, ou por uma teoria interpretativa qualquer. Uma conclusão bem relevante das pesquisas epidemiológicas de natureza analítica é que, da variável total da atividade física, a percentagem atribuída aos fatores determinantes se situa entre os 10% e 30%”, afirmou um dos autores do estudo, André Seabra, professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, à Agência FAPESP.

Na revisão foram incluídos apenas estudos efetuados com amostras superiores a cem adolescentes com idades entre dez e 18 anos, que adotaram delineamentos de pesquisa transversal e que utilizaram questionários.

Para a pesquisa dos artigos foram consultadas as bases de dados Medline e SportDiscus, entre 1977 e 2006, utilizando-se as palavras-chave em inglês “physical activity”, “sport participation”, “demographic-biological and social-cultural determinants” e “adolescents”.

De acordo com Seabra, é natural que os resultados encontrados sejam divergentes, mas é preocupante que não haja algum consenso a respeito da influência positiva do professor de educação física na atividade física dos alunos, visto que ele deveria ser um dos principais motivadores nessa relação.

“Não existe outro grupo social que esteja tão bem preparado para prevenir a inatividade física como o dos profissionais de educação física. Esse grupo profissional terá efetivamente, a muito curto prazo, de estar envolvido no desenvolvimento e implementação de estratégias e programas que tenham como principal objetivo o aumento dos níveis de atividade física de crianças e adolescentes”, afirmou.

A disciplina de educação física, que segundo o professor português tem sido historicamente justificada pelos objetivos de caráter físico, social e moral, precisaria englobar em seus programas objetivos da área da saúde pública. “É importante destacar que o principal desafio que se coloca atualmente a esses profissionais é o de conseguir atuar em conjunto com os profissionais da saúde pública”, enfatizou.

Segundo Seabra, a execução do estudo foi difícil devido à diversidade de conceitos e expressões utilizados. Em muitos dos trabalhos epidemiológicos analisados, conceitos como atividade física e prática esportiva eram freqüentemente utilizados como sendo sinônimos quando, na realidade, refletiam estruturas conceituais e operacionais distintas.

“Um outro aspecto não mencionado no texto, mas também considerado, disse respeito à região geográfica em que a investigação foi sido realizada. Como se sabe, tentar extrapolações de resultados provenientes de diferentes regiões é uma tarefa problemática, dado que, realidades históricas, sociais, culturais, políticas, econômicas e climáticas distintas têm influência muito diversa na atividade física”, explicou.

A idade se mostrou um dos determinantes biológicos mais estudados. A grande maioria dos trabalhos concordou que a atividade física é um comportamento que tende a diminuir em ambos os gêneros à medida que a idade aumenta. “No entanto, salientamos a existência de algumas pesquisas, realizadas por exemplo em Portugal, que mostram um aumento dos níveis de atividade física com o aumento da idade”, disse.

Tal pai, tal filho

O estudo também ressalta o fato de que os hábitos de atividade física na família ajudam a influenciar as atividades físicas. Segundo o trabalho, os pais e os pares parecem ser o elemento crítico no desenvolvimento da criança e do jovem em realização ao interesse e à participação nesse tipo de atividade.

“Parece ser evidente, na literatura consultada, que os pais ativos tendem a ter filhos igualmente ativos. Essa influência positiva dos progenitores se verifica por meio da modelação de comportamentos e das oportunidades de participação em atividades físicas e de acesso a equipamentos desportivos”, disse o professor da Universidade do Porto.

O estudo identificou que, na literatura, o aspecto socioeconômico também foi um fator determinante na prática de atividade física. Mas, segundo Seabra, os resultados são pouco consensuais, não permitindo identificar com clareza o sentido e a magnitude dessa associação.

“Tivemos alguns problemas na análise da leitura, uma vez que eram diversas as formas de avaliação do estatuto socioeconômico, como rendimento familiar, formação acadêmica, atividade profissional. Apesar dessas dificuldades, a grande maioria das pesquisas parece mostrar que as crianças e adolescentes de baixa renda tendem a estar em desvantagem na prática de atividade física”, apontou.

O problema principal reside, segundo ele, na hierarquia de cada um dos aspectos estudados. Por conta disso, seria importante identificar e hierarquizar a contribuição que diferentes fatores têm na explicação da atividade física. “Só dessa forma seria possível desenvolver programas de intervenção que contribuíssem para a diminuição dos baixos níveis de atividade física evidenciados entre adolescentes”, disse.

Seabra defende a necessidade de se efetuar um reformulação nos programas de disciplina de educação física, principalmente em relação objetivos e das matérias e conteúdos, de forma a conseguir manter altos níveis de participação, motivação e prazer nas crianças e adolescentes pela prática de atividade física.

“Em uma sociedade em que hábitos e comportamentos dos indivíduos parecem contribuir significativamente para o aumento da epidemia das doenças cardiovasculares e crônicas, existe uma clara razão para orientar parte dos objetivos da disciplina de educação física na área da educação para a saúde e a aquisição conseqüente de estilos de vida mais ativos”, destacou.

Fonte: Agência FAPESP

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O inferno é exotérmico ou endotérmico?

Prova final da FATEC 1997

Pergunta feita pelo Prof. Fernando da FATEC em sua prova final do curso de maio de 1997. Este doutor tão reconhecido por fazer perguntas do tipo “Por que os aviões voam?” em suas provas finais. Sua única questão na prova final de maio de 1997 para sua turma foi:

“O inferno é exotérmico ou endotérmico? Justifique sua resposta.”

Vários alunos justificaram suas opiniões baseadas na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma. Um aluno, entretanto, escreveu o seguinte:

“Primeiramente, postulamos que se almas existem, então elas devem ter alguma massa. Se elas têm, então um conjunto de almas também tem massa. Então, a que taxa as almas estão se movendo para fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno? Podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no inferno ela nunca mais sai.
Por isso não há almas saindo. Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes religiões que existem no mundo hoje em dia.
Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai para o inferno… Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projetar que todas as almas vão para o inferno.
Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno.
Agora vamos olhar a taxa de mudança de volume no inferno. A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno deve ser constante.
Existem então duas opções:

Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir, portanto EXOTÉRMICO.
Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele, portanto ENDOTÉRMICO.
Se nós aceitarmos o que a menina mais gostosa da FATEC me disse, no primeiro ano: “só irei pra cama com você no dia que o inferno congelar”, e levando-se em conta que ainda NÃO obtive sucesso na tentativa de ter relações sexuais com ela, então a opção 2 não é verdadeira. Por isso, o inferno é exotérmico.”
O aluno Sérgio Fonseca tirou o único 10 na turma.

domingo, 17 de agosto de 2008

Informática no Ensino de Ciências – A Construção de um Blog

CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO AMBIENTE
DISCIPLINA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ENSINO DE CIÊNCIAS
PROFA. DRA. LUIZA RODRIGUES DE OLIVEIRA



Proposta Pedagógica para o Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente:
Informática no Ensino de Ciências – A Construção de um Blog


Trabalho de Conclusão da Disciplina apresentado pelos alunos
Anna Beatriz Barcellos Ribeiro, Fabiane Demier Costa, Luciana Crespo Goulart, Maria Alice Santos Tavares, Marilene Maria Bezerra, Raymundo Paula de Arruda, Remízio de Souza Jr.

“O aprendizado é mais do que a aquisição de capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas.”
(VIGOTSKI, 2007, p. 92)



1. Tema
Informática no Ensino de Ciências: a construção de um blog: htpp://ensinosaudeambiente.blogspot.com

2. Justificativa
A democratização ao acesso à Internet trouxe um novo instrumento de pesquisa, de produção, aquisição cultural, conhecimento científico e social, dentre outros. E a escola vem adaptando-se a este novo sistema educacional que envolve todas as áreas do saber.
Diante das diversas discussões acerca do papel da informática na educação formal e da importância que esta vem adquirindo no processo de ensino-aprendizagem, faz-se necessária uma abordagem mais interativa dos conteúdos de ciências trabalhados em sala de aula.
Embora haja um grande número de sites, blogs e fóruns de discussão que tratam de temas relacionados ao meio ambiente, ecologia, qualidade de vida e saúde, nossos alunos ainda necessitam de orientação e de informações mais direcionadas aos assuntos de ciências tratados em seu cotidiano escolar. Tais informações serão mais seguras e acessíveis estando o professor como orientador desse novo instrumento que é a informática, usada, neste sentido, para dar continuidade e complementar o processo de ensino–aprendizagem.

3. Objetivos
3.1 Objetivo Geral
Promover a participação e a discussão científica entre professores do ensino básico e seus alunos através da informática.
3.2 Objetivos específicos
3.2.1 Relacionar os conteúdos de ciências às diversas linguagens da informática.
3.2.2 Discutir problemas relacionados à natureza, ao meio ambiente e à saúde.
3.2.3 Propor atividades de proteção ambiental e promoção de saúde.

4. Cenário
Espaço formal.

5. Público-alvo
Professores do Ensino Básico.

6. Metodologia de Ensino
Será criado um blog de ensino de ciências onde estarão disponibilizados textos, charges, histórias em quadrinhos, vídeos e imagens que promovam discussões críticas e práticas científicas.
O blog (weblog ou caderno digital) é uma página pessoal da Web (World Wide Web – rede de alcance mundial) cuja estrutura permite a atualização rápida e “amigável” (dispensando o conhecimento de linguagens de programação, o que o torna um recurso bastante democrático, capaz de dar voz ao pensamento dos diversos sujeitos), a partir de acréscimos de tamanho variável, chamados artigos, ou posts, organizados cronologicamente de forma inversa (como um diário), podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog
“A relação entre o pensamento e a palavra é um processo vivo; o pensamento nasce através das palavras. Uma palavra desprovida de pensamento é uma coisa morta, e um pensamento não expresso por palavras permanece uma sombra” (VIGOTSKI, 2005).
A escola, a ciência e a tecnologia têm lugar de destaque nas transformações dos sujeitos que atuam na sociedade (MOREIRA & LATINI, 2008) e espera-se que nosso blog, socialmente construído, além de fórum, sirva de apoio e incentivo para que os professores criem seus próprios weblogs, atualizando-os e reconstruindo-os num diálogo constante com seus pares e seus alunos, a partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula, e incorporem as novas linguagens midiáticas – de maneira crítica, mas divertida – ao seu arsenal didático-pedagógico, gerando novas estratégias de ensino–aprendizagem (e engendrando uma nova ética: da solidariedade, ou do cuidado de si, como quer Foucault).

7. Referencial Teórico
O uso pedagógico da informática no ensino de ciências, para a compreensão de questões relacionadas ao meio ambiente, deve ser feito de forma interdisciplinar e contextualizado, de modo que os alunos compreendam o homem como parte da natureza que a produz e reproduz de acordo com suas necessidades e interesses, contribuindo deste modo para uma formação crítica dos alunos (MARSIGLIA, 2008).
Entre os diversos avanços técnico-científicos, a informática é um importante aliado da educação formal como ferramenta de trabalho no apoio pedagógico e, por seu caráter interativo, motiva e auxilia positivamente os alunos na construção do conhecimento, desde que o professor crie situações de aprendizagem adaptadas à sua realidade (OLIVEIRA, 2007).
No contexto da informática na educação, destaca-se o envolvimento de quatro agentes principais: o professor; o computador; o aluno e o ambiente, que podem ser articulados de várias formas, mas sempre desempenhando papel de importância vital no processo educativo (TEIXEIRA, 2007).
Ainda segundo TEIXEIRA, a interação professor–computador–aluno pode dar-se de duas formas: linearmente, onde se destaca a educação a distância, ou triangularmente, estando o professor presente no ambiente de aprendizagem como condutor ativo da educação auxiliada pela informática.
O ambiente de aprendizagem interativo, por meio de grupos de discussão (histservers); correio eletrônico (emails); conversações (chats); informações hipermídia (WWW); bibliotecas virtuais; jornais eletrônicos e bases de dados, permite promover a individuação dos recursos de aprendizagem, personalizando a atenção oferecida aos alunos, respeitando características pessoais como ritmo de aprendizagem (DAL PAI, 20007).
Ainda segundo DAL PAI, considerando-se a relevância da temática e a evolução das novas tecnologias da informação e comunicação, “é necessário que o professor valorize o diálogo, a troca, a relação interpessoal e acredite que se pode aprender dialogando, discutindo, trocando idéias. Se esses pressupostos não tiverem significância, o potencial da tecnologia não será reconhecido, perpetuando-se o modelo de ensino conservador e tradicional, deslocado da realidade”.
Estudos têm demonstrado que o uso da informática na educação pode potencializar e auxiliar o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, é preciso adequar os softwares educacionais existentes com uma base pedagógica que fundamente sua construção e utilização (SEARA, 2005).
A informática deve ser usada como tecnologia em prol do meio ambiente [e da saúde] através da educação ambiental [e para a saúde] que vise atingir mudanças de consciência e comportamento de uma dada comunidade (MACHADO, 2002).
“Os desafios da nova educação ambiental, aliada à tecnologia são: colocar a informática assumindo um papel duplo na escola. Primeiro, deverá ser uma ferramenta que permita a comunicação de profissionais e pesquisadores externos, permitindo a presença do virtual desse sistema de suporte da escola com o mundo, e, segundo, poderá ser usada para apoiar a realização de uma pedagogia de projetos que proporcione a formação dos alunos, possibilitando o desenvolvimento de habilidades fundamentais para ensino-aprendizagem na sociedade ecológica.” (MACHADO, 2002).

8. Referências bibliográficas
DAL PAI, Daiane; LAUTERT Liana. Grupos de discussão virtual: uma proposta para o ensino em enfermagem, Revista de Enfermagem, USP, São Paulo, v.41, n.3, 2007.
MACHADO, Marta Maria Moreira. A informática no ensino da biologia do meio ambiente. Dissertação [mestrado], Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. O uso da informática no ensino de ciências: estudo de caso. In: SENEPT – Seminário Nacional de Educação Profissional e Tecnológica. Belo Horizonte, 2008.
MOREIRA, Daise Gomes; LATINI, Rose Mary. O uso de recursos midiáticos pelos professores de ciências do Colégio Estadual Vicente Januzzi – RJ. In: Encontro Nacional de Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente. Niterói: UNIPLI, 15 a 17 de maio 2008. Anais... p. 360-371.
OLIVEIRA, Elaine Cristina Pereira; FISCHER, Julianne. Tecnologia na aprendizagem – a informática como alternativa no processo de ensino. Revista de Divulgação Técnico-científica do ICPG, v. 3, n. 10.2007.
SEARA, Everton Flávio Rufino. A construção de um museu virtual 3D para o ensino fundamental. Infocamp, UFLA, Lavras, MG, v4, n.1, 2005.
TEIXEIRA, Nubia Paliane Cardoso; ARAUJO, Alberto Einstein Pereira. Informática e educação: uma reflexão sobre novas metodologias. Hipertextos – Revista Digital, Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional – UFPE, 2007.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. Implicações educacionais. In: _________. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 87-145.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. Pensamento e palavra In: _____________. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 149-90.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Como funcionam os blogs

por Marshall Brain - traduzido por HowStuffWorks Brasil


Introdução

Os blogs aparecem muito nos noticiários atualmente. Por exemplo, um repórter informa sua notícia através de um blog ou um blog reporta uma outra face da história. Os blogs também aparecem muito nas revistas.

Mas existe uma boa chance de você nunca ter visto um blog (também conhecido como weblog) ou nunca ter experimentado a blogosfera. O que são blogs? Agora já são milhões deles. De onde eles vieram?

Neste artigo, você terá a chance de entrar no mundo do blog. Você até aprenderá como criar seu próprio blog e como publicá-lo para o mundo.

O que é um blog?

Uma das coisas mais surpreendentes a respeito dos blogs é a sua simplicidade.

Imagine um "site normal da Internet". Ele geralmente tem uma página inicial com links para muitas subpáginas, que mostram mais detalhes. O site HowStuffWorks é assim, com milhares de páginas de informação, todas organizadas em uma página inicial. Um pequeno site comercial segue o mesmo formato, pois poderá ter uma página inicial e cinco ou dez subpáginas. A maior parte dos sites tradicionais segue esse formato. Se o site for pequeno, ele é uma espécie de folheto online. Se for grande, é como se fosse uma enciclopédia eletrônica.




Um site normal da Internet tem uma página inicial, que faz conexão com as subpáginas dentro dele. O site CNN.com é um exemplo típico desse gênero. O site da CNN contém milhares de artigos, todos organizados em grandes categorias. As categorias e todas as histórias mais recentes são acessadas pela página inicial.

Um blog é mais simples:

é normalmente uma página única de dados. Poderão haver arquivos de dados antigos, mas a "página principal" de um blog é tudo o que realmente importa para uma pessoa;

ele é organizado em ordem cronológica inversa, da entrada mais recente para a menos recente;

normalmente é público: o mundo inteiro pode vê-lo;

as entradas de um blog geralmente são de um único autor;

além disso, elas geralmente fazem parte do fluxo de consciência. Não existe uma ordem determinada para elas. Por exemplo, se eu gostar de um link interessante, posso jogá-lo em meu blog. As ferramentas que a maioria dos usuários de blogs usa fazem com que seja incrivelmente fácil adicionar entradas a um blog quando bem entenderem.

O blog normal tem uma página principal e nada mais. Na página principal, há um conjunto de entradas. Cada entrada é um pequeno texto que pode conter links embutidos, direcionados a outros sites, histórias de notícias, etc. Quando o autor adiciona uma nova entrada, ela entra na parte superior, empurrando todas as entradas antigas para baixo. O blog também tem uma barra lateral direita que contém links permanentes, adicionais, para outros sites e histórias. O autor poderá atualizar a barra lateral semanalmente ou mensalmente.

Basicamente, o blog é como se fosse um jornal online ou um diário. O autor pode falar sobre qualquer coisa e sobre tudo o que quiser. Muitos blogs estão cheios de links interessantes que o autor descobriu. Os blogs sempre contêm relatos ou fragmentos de informação que são interessantes para o autor.

Embora os blogs possam ter uma forma completamente aberta, muitos deles têm um objetivo definido. Por exemplo, se o dono do blog estiver interessado em tecnologia, ele poderá ir até a feira 'Consumer Electronics Show' e publicar entradas das coisas que viu lá. Se o dono do blog estiver interessado em uma determinada doença, poderá publicar todos os artigos e todas as pesquisas que encontrar sobre ela. Se estiver interessado em economia, poderá publicar links com artigos que discutem economia e depois fazer comentários sobre esses artigos.

Há pessoas que usam seus blogs simplesmente como um álbum de recortes, uma forma de memória online. Sempre que o autor descobre um link ou fragmento de informação que deseja lembrar, publica no blog. Mesmo que ninguém mais olhe para ele, o blog ainda tem utilidade para o autor, porque é um meio de pesquisa eletrônica que ele pode acessar com um navegador de internet, em qualquer parte do mundo.

Em outras palavras, o blog pode ser qualquer coisa que o autor deseja. O que os blogs têm em comum é a ordem cronológica inversa das entradas.

A blogosfera

Uma das coisas mais fascinantes a respeito dos blogs é a interligação. Existem milhões de pessoas com blogs ativos e os blogueiros tendem a olhar os blogs de outras pessoas. Quando vêem alguma coisa de que gostam nos seus blogs favoritos, fazem comentários sobre eles.

Essa interligação fechada criou um fenômeno conhecido como blogosfera. A blogosfera consiste na interligação de todos os blogs. Quando você entra em um blog da blogosfera, ele sempre terá os links que o conectam aos outros sites dessa interligação. Você pode ficar pesquisando a blogosfera por anos, se gostar desse tipo de coisa.

Muitos leitores de blogs entram na blogosfera e encontram um ou mais blogueiros dos quais realmente gostam. Por exemplo, você pode ter um blog que usa para mantê-lo atualizado com a última tecnologia e um outro para mantê-lo atualizado com as últimas notícias. O blogueiro atua como se fosse um DJ em um programa de rádio, escolhendo histórias, links e/ou recortes, do mesmo modo que o DJ escolhe as músicas. As pessoas que gostam do que o blogueiro seleciona a cada dia voltam para lê-lo praticamente todos os dias. As celebridades também entraram no circuito, criando blogs como um meio de interagir com seus fãs.


Criando seu próprio blog

Código fonte em aberto
O LiveJournal (site em inglês) é feito em um software livre. Isso significa que a maior parte do software usado para criar e manter o LiveJournal está disponível para que qualquer pessoa possa modificá-lo e usá-lo. Existem vários conjuntos de ferramentas que usam o código fonte do LiveJournal, incluindo o GreatestJournal (site em inglês)e o DeadJournal (site em inglês).

Criar seu próprio blog agora é fácil, porque existem conjuntos de ferramentas baseados na Web que gerenciam o seu blog de forma incrivelmente simples - como o Blogger. Você pode criar blogs básicos gratuitamente, e a maioria desses conjuntos de ferramentas tem características adicionais a um determinado custo. Também existem softwares para ajudá-lo a criar e autopublicar seu blog com mais personalidade.

Eu criei o Blog do Marshall Brain (em inglês) usando o Blogger. Criar um blog simples é grátis e leva apenas 5 minutos. Você coloca seu nome, endereço de e-mail e algumas outras informações, depois seleciona a aparência (template) do seu blog a partir de um conjunto de gabaritos padrão. Clique em alguns botões e está pronto.

Agora você pode adicionar as novas entradas ao seu blog. Basicamente, tudo o que você faz é digitar a entrada e apertar o botão "publicar" para lançar a publicação. Você pode editar a entrada quantas vezes quiser, clicando no botão "editar". Quando ficar satisfeito com a nova entrada, você aperta o botão "publicar" para tornar sua entrada visível no seu blog público.

Um dos melhores sites da web que eu encontrei recentemente foi o ExploreMarsNow.com. Eu adicionei uma curta entrada sobre ele no meu blog em aproximadamente dez segundos. A entrada simplesmente diz:

Eu realmente gosto deste site da web: ExploreMarsNow (site em inglês).
É isso! A entrada de um blog pode ser bem simples ou pode ser uma história enorme. Depende de você.

Com o Blogger você tem duas opções de onde hospedagem para o seu blog: ele pode ficar no site de blogs Blogger.com, chamado Blogspot.com. Você cria uma URL personalizada para seu blog e o Blogspot.com executa todo o trabalho de hospedar o seu blog. Por exemplo, o blog do Marshall Brain pode ser encontrado em http://MarshallBrain.Blogspot.com; você mesmo pode hospedar o seu blog em um outro site da Internet. Sempre que você "publica" o seu blog, o Blogger utiliza o FTP para enviar o último código HTML do seu blog para o local escolhido.

A incrível simplicidade de se fazer um blog é uma das coisas que o faz ser tão popular. No entanto, se as palavras não são suficientes para você, muitas ferramentas para blogueiros também permitem publicar fotos, vídeos e arquivos de áudio. Você pode até publicar através do seu telefone celular.

Extraído de Como Tudo Funciona

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Revista Eletrônica Ensino, Saúde e Ambiente

Eis que vem a lume a Revista Eletrônica Ensino, Saúde e Ambiente (REMPEC), uma iniciativa do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente, do Centro Universitário Plínio Leite. O objetivo desta nova revista é a divulgação de artigos de pesquisa e relatos de experiências originais sobre temas relacionados ao Ensino de Ciências em espaços formais e não formais com a finalidade de integrar pesquisadores que atuam nas interfaces com a educação para o ambiente e educação para a saúde.
Confira: REMPEC

Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)


Thiago de Mello

Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo V Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo XI Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo XIII Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final. Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Comunidades Quilombolas e Exploração Cultural

"Uma vez por ano acontece no Rio de Janeiro, no Quilombo São José, região de Valença, uma festa em homenagem aos Pretos-Velhos - como são conhecidos os ancestrais jongueiros. Por conta deste evento, vão para São José, e lá se apresentam, grupos de cultura popular de diversas partes do Brasil. O Quilombo, a despeito de seus anos de existência, somente há pouco recebeu energia elétrica, avanço que pode ser atribuído à presença de certas empresas que se interessaram em patrocinar a festa. (...)"

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Blog, a incrível fábrica de conteúdo

"Mas (...) o que são blogs? O velho papo de que são diários online já perdeu o sentido faz tempo. Um blog é uma simples ferramenta, mas um blog de qualidade é como um instrumento na mão de um artista. Alguns blogs são escritos por jornalistas, mas isto não importa, o que importa mesmo é que a pessoa saiba escrever, e também goste e entenda do assunto que está falando. Para mim não interessa se você é político, jornalista, atleta, médico, juiz ou artista. Criou um blog, e levou a coisa a sério, não tem jeito, você virou um blogueiro. Depois que a mosquinha azul te morde, não tem mais volta. Os blogs são feitos de opiniões, sinceridade e muita conversa. Um blog pode ter objetivos políticos maiores, como lançar uma candidatura a prefeitura de uma cidade, ou então fazer uma despretensiosa campanha para alguém aparecer na capa da Playboy. (...)"

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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Saúde bucal com a turma da mônica


A placa dental é uma massa com bacterias mole e aderente que se deposita continuamente sobre a superfície dos dentes e causa a cárie, o seu controle se dá através de um conjunto de medidas que tem por objetivo a sua remoção e prevenção de sua recorrência. Confira com a turma da mônica.


























domingo, 27 de julho de 2008

Projeto Mini-hortas em Espanhol



Relato por Fabiane Demier Costa



Séries trabalhadas: 7º. Ano – E.F. e 2ª. Série E.M.


Justificativa

Esta proposta de trabalho surgiu a partir de uma observação bastante incômoda acerca da realidade de nossos alunos que, infelizmente, devido à vida urbana e distante do contato direto com a natureza, perdem a noção de como seus alimentos (vegetais) são produzidos.



Tendo em vista os conceitos de sustentabilidade e produtos orgânicos, tão discutidos hoje em dia, faz-se necessária a recuperação de antigos hábitos de plantio. Propomos, então, a produção de mini-hortas de ervas e temperos que poderão ser cultivadas por eles em espaços como casas e apartamentos.


Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo principal propiciar o (re)encontro de nossos alunos com a natureza de forma sensível, produtiva e respeitosa, além de levá-los a:

* reconhecer e aplicar o vocabulário de alimentos em espanhol;
* valorizar antigos saberes populares a respeito de ervas e temperos e suas utilizações;
* produzir produtos orgânicos;
* reconhecer a importância de se produzir o próprio alimento;
* aplicar conceitos básicos de sustentabilidade no cotidiano;
* reaproveitar materiais usados.


Valores

* respeito ao meio ambiente;
* cuidados com a saúde;
* respeito aos idosos;
* aproveitamento consciente dos recursos da natureza;
* consumo controlado e inteligente.


Desenvolvimento

As mini-hortas serão cultivadas em garrafas pet cortadas horizontalmente e perfuradas na parte inferior para o escoamento da água da rega. No fundo das garrafas será colocada uma pequena porção de areia lavada para facilitar a drenagem das mini-hortas; em seguida, as garrafas serão completadas com terra vegetal peneirada para permitir o livre crescimento das sementes. Depois de preparada, a terra receberá as sementes, pelo menos de dois tipos de plantas, que deverão ser colocadas na superfície e identificadas a través de pequenas placas com os respectivos nomes populares e científicos. Também deverão produzir um pequeno cartaz com explicações sobre a utilização das ervas e temperos escolhidos como plantas medicinais e também na culinária. Toda essa parte escrita deverá ser feita em espanhol.




Após todo o preparo, os alunos deverão acompanhar e relatar de forma escrita o desenvolvimento das mini-hortas e trazê-las ao colégio periodicamente para que possam ser avaliadas até a entrega definitiva do trabalho. Este ficará em exposição e deverá ser levado pelos alunos e cultivado até a feira de ciências do segundo período para que possa, mais uma vez, ficar em exposição.


Obs.: Quando apresentado à coordenação em uma das primeiras reuniões do ano, este projeto chamou a atenção dos professores Anderson e Brasil, de Química, e Luis Eduardo, Beatriz e Osmany, de Biologia, que passaram a integrá-lo, transformando-o em um projeto interdisciplinar da 2ª. Série do Ensino Médio e do 7º. Ano do Ensino Fundamental.


Na área de Química será feita a análise dos princípios ativos das plantas, enquanto que na de Biologia será feita a análise do desenvolvimento delas. Assim sendo, o relatório descrito antes deverá ser feito em português para privilegiar a avaliação do trabalho por parte destas disciplinas.

Assista a um vídeo ilustrativo de como fazer uma mini horta.