Ibama envia intimação a Luis Hildebrando da Silva, diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, e Rodrigo Guerino Stabeli, pesquisador da instituição, para prestarem esclarecimentos sobre biopirataria
A preocupação com o tratamento dispensado aos cientistas brasileiros pelos órgãos de fiscalização do meio ambiente queixa constante dos institutos de pesquisa chegou aos ministérios do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.
Circulam entre as duas pastas e-mails de cientistas indignados com as intimações expedidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), que os acusam de crime ambiental e, mais especificamente, biopirataria.
O caso mais recente aconteceu na última segunda-feira, quando agentes do Ibama intimaram Luis Hildebrando da Silva, diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais, e Rodrigo Guerino Stabeli, pesquisador da instituição.
Segundo Guerino, a Linha Verde-Amarela do Ibama, uma espécie de ouvidoria, recebeu a denúncia anônima de duas pessoas, que se identificaram como da Academia Brasileira de Ciências, de que os dois estariam agindo como biopiratas e enviando material da biodiversidade brasileira para instituições internacionais.
“O que chateia é o Ibama estar atrás de cientistas que possuem licença para a pesquisa”, reclama Guerino, que se diz preocupado com o que chama de movimento anti-terrorista científico.
Para o professor, é um paradoxo cientistas serem constantemente intimados por órgão de fiscalização do meio ambiente, quando os estudos são financiados por órgãos do governo, como o CNPq e a Finep.
"Estou amplamente preocupado com o futuro científico do nosso país. De um lado, as ONGs protetoras dos animais de biotério (utilizados na produção de fármacos), do outro instituições públicas que buscam combater como biopiratas funcionários públicos que exercem a docência e a pesquisa em laboratório fixo, que possui endereço fixo e que lideram dois projetos nacionais", diz o e-mail que chegou aos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
De acordo com Ennio Candotti, membro da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência (SBPC), 70% da produção científica sobre a Amazônia pertencem a pesquisadores estrangeiros. E, para mudar esse quadro, seria necessário que o Brasil multiplicasse por 10 o que já investe na pesquisa.
“Nós, cientistas, somos todos tratados como criminosos até que se prove o contrário”, afirma Candotti. “Qualquer um pode matar cupins que invadem suas propriedades ou até armários, mas os cientistas precisam pedir a autorização de algum burocrata de Brasília para estudá-los. Falam que vamos destruir a biodiversidade, mas o agronegócio queima milhares de quilômetros de floresta.”
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Fonte: Jornal da Ciência - SBPC
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