sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

De Jesus a Marx: Na Morte da Besta



Amigos,


ao se findar este ano, que certamente entrará para a História como o do início do fim do capitalismo selvagem, tragado pela sua própria ganância, quero lhes presentear com fragmentos de um artigo publicado no dia 15 último, no Direto da Redação, por Rui Martins (de Berna, na Suíça),  ex-correspondente do Estadão e da CBN e autor de O Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre a Suíça e Maluf.

(...) O culto e a adoração do lucro e do consumismo, como o do Bezerro de Ouro no Sinai, não podem mais nortear as economias das nações. O Estado, denegrido pela Besta como assistencialista, tem uma missão importante a cumprir nas sociedade humanas. O capital precisa ser produtivo e não querer se reproduzir só na especulação. Os bens não devem ser descartáveis mas beneficiar as necessidades da população sem necessidade de endividamentos.


Na tentativa de salvar o que restou da Besta, seus templos bancários, os donos do mundo mostraram haver muito dinheiro escondido. Dinheiro que nunca aparecia para socorrer povos sofrendo de calamidades, populações morrendo de fome, mas agora apareceu e não poderá mais desaparecer definitivamente como num passe de mágica.

Com o dinheiro com que se salvaram os bancos nos EUA e na Europa se poderia acabar com a fome e a miséria no mundo. Portanto, o mundo pode ser regido por outras leis que não o preço para os alimentos e os lucros sobre a miséria. Uma nova economia é possível, assim como foi possível se unir mesmo muitos países e indústrias em defesa do nosso planeta. Um outro mundo é possível, sem bestas, sem deuses, mas com solidariedade.

Quem sabe 2009, depois do enterro da Besta do Neoliberalismo, vai sentir surgir a centelha de novas ideologias que, dentro de dois, três ou quatro milênios verão o nosso planeta sem famintos, sem miseráveis, sem agiotas, sem exploradores, sem gananciosos do lucro, numa outra fórmula de convívio econômico social, justa e solidária.

É tempo de Natal, de uma crença nascida na pobreza de uma manjedoura e tendo como atores um casal pobre e uma criança sem teto. A crença se deturpou e deu origem à riqueza e potência política, porém a idéia de um mundo mais justo nascido da pobreza perdura no inconsciente da humanidade. Porém é preciso não se adiar esse sonho para depois da morte ou num céu abstrato e tentar construí-lo aqui. Mesmo que sejam necessárias mais de mil gerações e que outras bestas surjam pelo caminho, tenho certeza de que os humanos sem ídolos, sem ícones, sem deuses e sem muletas construirão esse mundo. 

Leia a íntegra no Direto da Redação


Estaremos de férias durante o mês de janeiro. Feliz Natal e um Ano Novo venturoso!

Hay

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Carta dos Direitos Humanos chega aos 60 anos como marco


Hoje, 10 de dezembro de 2008, a Folha de São Paulo traz a matéria abaixo, de autoria de 
Marcelo Ninio, de Genebra, sobre os 60 anos da Declaração de Direitos Humanos da ONU.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos, talvez o documento internacional mais conhecido da história, completa hoje 60 anos de sua adoção como referência obrigatória no respeito às liberdades e direitos fundamentais do homem. 

Mesmo entre os ativistas que se dedicam a denunciar a limitada aplicação prática de seus 30 artigos, o texto é considerado a pedra fundamental do reconhecimento da igualdade e dignidade humanas, um marco que influenciou todos os tratados e iniciativas sobre o tema nas últimas seis décadas. 

Inspirada na Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e na Declaração de Independência dos EUA, de 1776, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada sob o efeito do trauma provocado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e do genocídio nazista. 

Seu primeiro artigo é certamente um dos mais repetidos em todos os tempos: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade". Os demais 29 defendem direitos básicos, como alimentação, segurança, trabalho e liberdade de expressão. 

Artigos muitas vezes em falta no planeta, reconhece a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navanethem Pillay, para quem a declaração continua sendo uma "promessa não cumprida". Mas ela lembra que o documento inspirou vários tratados internacionais e as leis de mais de 90 países. 

Além disso, diz Pillay, a declaração motivou a criação de mecanismos regionais e nacionais de monitoramento do respeito a seus princípios, incluindo o Alto Comissariado, que chefia desde setembro. 

Para ela, a obsessão por segurança em alguns países nos últimos anos criou um novo desafio à declaração. "É preciso reconhecer que a impunidade, os conflitos armados e os regimes autoritários não foram derrotados, e que, lamentavelmente, os direitos humanos são às vezes colocados de lado em nome da segurança", disse a sul-africana Pillay à Folha, por email. 

"Incontornável"

Adotado em Paris no dia 10 de dezembro de 1948 pelos então 58 Estados-membros da ONU, entre eles o Brasil, o documento tornou-se a base de tudo o que foi pensado em direitos humanos desde então. 

"A Declaração Universal é um texto incontornável, que inspirou sete tratados e a própria estrutura da Comissão de Direitos Humanos da ONU", disse à Folha, de Pequim, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, um dos brasileiros mais respeitados na área. 

Pinheiro, que foi relator da ONU em países onde o respeito aos princípios da declaração são pouco mais que uma utopia, como Mianmar, destaca a relevância histórica do texto. 

"Ele lembra que o século 20 não foi só os horrores de genocídio e limpeza étnica, mas também o início da caminhada para combater essas e outras atrocidades", diz. 

A embaixadora do Brasil para direitos humanos em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevedo, defende a declaração como instrumento de cooperação, não de pressão. "Direitos humanos devem servir como inspiração, não imposição." 

A aplicação do documento é tema de constantes debates. Os ativistas que acompanham o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, costumam deixar as sessões com uma sensação de impotência, pela falta de mecanismos de punição aos violadores. 

"Ninguém nega a importância da declaração, nem os países que não a respeitam", diz Julie Rivero, da Human Rights Watch. "O problema é que a politização dos debates leva os países a esquecerem que o mais importante é a defesa das vítimas, não de seus interesses." 
(Folha de SP, 10/12) 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Declínio do Império


Depois de ter, antes de todos, previsto o declínio do império americano, Immanuel Wallerstein afirma agora que entramos há 30 anos na fase terminal do sistema capitalista:
"A situação torna-se caótica, incontrolável para as forças que até então o dominavam, e assiste-se à emergência de uma luta, já não entre os detentores e os adversários do sistema, mas entre todos os atores para determinar o que o vai substituir", diz o sociólogo norte-americano.

Entrevista feita por Antoine Reverchon, para o diário francês Le Monde:
Para além de signatário do manifesto do Fórum Social de Porto Alegre, em 2005, o senhor é considerado um dos inspiradores do movimento altermundialista. Fundou e dirigiu o Centro Fernand-Braudel para o estudo da economia dos sistemas históricos e das civilizações da universidade do Estado de Nova York, em Binghamton. Como situa a crise económica e financeira actual no "tempo longo" da história do capitalismo?

Immanuel Wallerstein: Fernand Braudel (1902-1985) distinguia o tempo da "longa duração", que vê sucederem-se na história humana sistemas que regem as relações do homem com o seu meio material, e, no interior destas fases, o tempo dos ciclos longos conjunturais, descritos por economistas como Kondratieff (1982-1930) ou Schumpeter (1883-1950). Encontramo-nos hoje claramente numa fase B de um ciclo de Kondratieff que começou há 30-35 anos, após uma fase A que foi a mais longa (de 1945 a 1975) dos 500 anos de história do sistema capitalista.

Numa fase A, o lucro é gerado pela produção material, industrial ou outra; numa fase B, o capitalismo deve, para continuar a gerar lucro, financiarizar-se e refugiar-se na especulação. Desde há mais de 30 anos, as empresas, os Estados e as famílias estão a endividar-se maciçamente. Estamos hoje na última parte de uma fase B de Kondratieff, uma vez que o declínio virtual se torna real, e que as bolhas explodem umas a seguir às outras; as falências multiplicam-se, a concentração do capital aumenta, o desemprego aumenta, e a economia conhece uma situação de deflação real.

Leia a íntegra da entrevista no site português Esquerda.Net

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vamos Blogar?

Meu entusiasmo com os blogs (parte essencial do meu objeto de estudo no mestrado) é tal que venho inoculando diversos colegas com esse poderoso vírus, como é o caso do Prof. Alexandre Martinez, que leciona Segurança do Trabalho no CEFET (visitem o blog que ele está construindo: http://professoralexandreseg.blogspot.com)
e o da Profa. Fabiane Demier, que ensina Espanhol e Educação Ambiental no Colégio São Vicente, em Niterói,com quem iniciarei aqui, agora nas férias (ah! as férias!)um diário de campo, a quatro mãos, sobre nossas aventuras e desventuras no território do Mestrado em Ensino de Ciências do Ambiente.

Assim, para quem já foi contaminado pelo vírus blog mas acha que a construção do seu próprio diário é algo que demanda muito tempo e esforço, sugiro o vídeo abaixo sobre a construção de um blog aqui no Blogger).